Unicamp desenvolve mapa tátil e sonoro para orientação espacial de deficientes visuais
Um aspecto importante relacionado ao desenvolvimento do mapa tátil e sonoro, assinala a professora Núbia Bernardi, que também coordena o projeto, é que o trabalho contou com a participação dos potenciais usuários. As duas primeiras versões foram submetidas à análise deles. “Esse procedimento foi importante por dois motivos. Primeiro, porque pudemos verificar com os maiores interessados quais eram os principais acertos e falhas do protótipo. Segundo, porque eles deixam de ser simples usuários da tecnologia para assumir a posição de protagonistas dessa solução”, explica a docente. Após as considerações dos deficientes visuais, os pesquisadores resolveram, por exemplo, eliminar a inclinação que a caixa apresentava.
De acordo com d’Abreu, a terceira e última versão do mapa tátil e sonoro trará como aperfeiçoamentos: legendas em Braille e em caracteres, bem como textos em letras grandes e com cores fortes. “Isso permitirá que as pessoas com baixa visão também possam usar o equipamento”, esclarece o coordenador do Nied. Ele diz que assim que o modelo final for concluído, a ideia é instalar o instrumento em pontos estratégicos do campus de Barão Geraldo. “Estamos em contato com a Coordenadoria de Projetos e Obras (CPO), para tentar estabelecer a primeira parte da Rota Acessível”, conta.
A referida rota faz o contorno parcial do Ciclo Básico e a ligação deste com o Ciclo Básico II e a Biblioteca Central Cesar Lattes (BC-CL), estendendo-se até o ponto de ônibus instalado próximo à Faculdade de Educação Física (FEF) e Ginásio. “Escolhemos esse percurso porque o Ciclo Básico é um ponto emblemático para a Unicamp e também porque esse trecho é o que mais recebe afluência de pessoas”, acrescenta a professora Nubia. Na avaliação dela, o ideal seria que todo o campus fosse acessível. “Entretanto, temos que começar por algum ponto. As conversas que estamos tendo com a CPO estão sendo muito positivas e acredito que temos boas chances de implantar essa primeira rota”, considera.
Tanto a docente da FEC quanto d’Abreu ressaltam que o projeto Rota Acessível tem duas dimensões importantes. A primeira é de ordem acadêmica, visto que os trabalhos envolvem a participação de estudantes de graduação e pós-graduação no seu desenvolvimento. A segunda, de caráter social, é igualmente relevante porque procura oferecer instrumentos que contribuam para ampliar a autonomia dos deficientes visuais. “Esse ponto é muito significativo, porque essas pessoas deixam de ser objeto de ações meramente assistencialista e passam a ter uma postura participativa quanto aos próprios destinos”, diz d’Abreu.
O Projeto Rota Acessível teve início com as pesquisas conduzidas pelo coordenador do Nied em 2006. Na época, o objetivo do pesquisador era conceber um mapa tátil e sonoro para ser utilizado em sala de aula, durante as tarefas de ensinoaprendizagem de geografia. Posteriormente, já em parceria com a professora Núbia, o projeto foi transformado em objeto de trabalho de iniciação científica e, por último, na pesquisa financiada pela Fapesp, agora em vias de ser concluída. Além da construção da terceira e última versão do mapa tátil e sonoro, o próximo passo dos pesquisadores será providenciar o registro para a proteção intelectual do invento. “A tecnologia que compõe o equipamento é conhecida, mas a ‘usabilidade’ que conferimos a ele é sem dúvida inovadora e merece ser protegida”, conclui d’Abreu.
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